Professora é condenada a indenizar aluna negra de 10 anos após dizer que cabelos dela cheiravam mal

  • 03/12/2024
(Foto: Reprodução)
Caso aconteceu em 2023 durante aula da 3ª série do ensino fundamental em escola de Sertãozinho, SP. Unidade de ensino também foi condenada, lamentou episódio e negou qualquer prática discriminatória. Justiça condena escola de Sertãozinho a indenizar família de aluna que sofreu racismo A Justiça condenou uma professora do ensino fundamental e uma escola particular em Sertãozinho (SP) a indenizarem uma estudante negra de dez anos, vítima de racismo em sala de aula. Segundo a denúncia, após cheirar os cabelos da criança diante da classe, a docente afirmou que ela estava cheirando mal. A declaração causou constrangimento à estudante e ainda levou os colegas a zombarem dela. Cabe recurso da decisão. Em nota, a Escola Quarup, que também representa a professora, lamentou profundamente o episódio e negou a prática de qualquer ato de discriminação racial por seu corpo docente. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp Discriminação em sala de aula O caso aconteceu em junho de 2023, quando a criança frequentava a 3ª série. Segundo o boletim de ocorrência, durante a aula, a professora Lucélia Aparecida Angelotti começou a reclamar de um cheiro ruim na sala e passou de carteira em carteira cheirando as cabeças dos alunos. Ao passar pela estudante, a professora perguntou se ela usava algum produto químico, já que o odor estava lhe causando alergia. A criança respondeu que havia passado creme. Menina de 10 anos foi vítima de racismo de professora em escola particular em Sertãozinho, SP Carlos Trinca/EPTV Ainda de acordo com o depoimento da menina, a professora chamou três funcionárias para que também cheirassem os cabelos dela, e todas responderam que não sentiram nada. A menina contou que ficou envergonhada e chorou porque os colegas começaram a fazer piadas após a fala da professora. A mãe da estudante informou à polícia que a escola não comunicou o episódio. Ela soube do caso pela mãe de uma colega da filha, que lhe deu carona na volta para casa. Ação na Justiça A família da criança moveu uma ação por dano moral contra a professora e a escola. A mãe alegou que a filha foi submetida a uma situação humilhante e discriminatória, que lhe causou intenso sofrimento emocional e que afetou sua autoestima e desempenho escolar. Após o episódio, a menina pediu para mudar de escola. Em suas defesas, a escola e a professora informaram que não houve qualquer ato discriminatório ou violento, mas um mal-entendido. As defesas alegaram que o procedimento adotado pela professora não teve intenção de constranger ou humilhar a estudante, mas que ela buscou identificar o cheiro, de forma discreta e com o intuito de zelar pela higiene e saúde dos alunos, em conformidade com o ambiente escolar. Apesar de negar qualquer prática de preconceito, a professora chegou a ser afastada na época. Decisão a favor da menina Ao julgar a ação no fim de novembro deste ano, a juíza Daniele Regina de Souza Duarte, da 1ª Vara Cível, argumentou que a prova oral foi categórica em comprovar a conduta desastrosa da professora. Além da vítima, foram ouvidas a mãe da colega que testemunhou a abordagem da docente e outra funcionária, que confirmaram o depoimento da menina. Para a magistrada, apesar de declarar que estava preocupada com a saúde dos alunos, a docente liberou a classe toda para o recreio após verificar os cabelos da turma e não comunicou a escola do eventual risco envolvendo o suposto produto químico ou os pais da estudante. “São tantas inconsistências que não é crível que sua motivação, de fato, fosse a saúde de seus alunos. Há, sim, evidências sólidas – embora não caracterizadoras de dolo criminal – de racismo estrutural e preconceito, já que é fato notório que a menor possuía cabelo afro e ela própria relatou que usava creme”, diz a juíza Daniele. Fachada de escola em Sertãozinho, SP, condenada a indenizar aluna de 10 anos por prática de discriminação de professora Carlos Trinca/EPTV Ainda segundo a magistrada, a conduta discriminatória e vexatória causou intenso abalo à imagem da vítima de apenas dez anos. “O caso narrado evidencia que a criança foi submetida a um ambiente de discriminação racial, marcado por comentários e atitudes que depreciaram sua identidade e características físicas, especialmente seu cabelo afro.” Lucélia foi condenada junto com a Escola Quarup a indenizar a estudante em R$ 30 mil. A unidade de ensino foi punida por ser considerada responsável pelos funcionários e também por questões de relação de consumo. Escola nega racismo Em nota, a Escola Quarup, que representa a professora, negou qualquer ato de discriminação racial pelo corpo docente e afirmou que o inquérito policial foi arquivado pelo Ministério Público. “A escola lamenta profundamente o episódio, mas destaca que a condenação no âmbito da responsabilidade civil, que será objeto de recurso, se baseou exclusivamente na versão unilateral dos representantes legais da menor”. A escola disse que investe na capacitação dos educadores, inclusive com programas sobre diversidade, igualdade racial e práticas antirracistas, para deixar o ambiente escolar seguro e acolhedor e preparar os alunos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2024/12/03/professora-e-condenada-a-indenizar-aluna-negra-de-10-anos-apos-dizer-que-cabelos-dela-cheiravam-mal.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Top 5

top1
1. Raridade

Anderson Freire

top2
2. Advogado Fiel

Bruna Karla

top3
3. Casa do pai

Aline Barros

top4
4. Acalma o meu coração

Anderson Freire

top5
5. Ressuscita-me

Aline Barros

Anunciantes