Novo estudo usa IA e medições em tempo real para projetar futuro do Aquífero Guarani em Ribeirão Preto; entenda

  • 26/05/2025
(Foto: Reprodução)
Projeto contratado pela Prefeitura por R$ 2,1 milhões deve demonstrar capacidade de captação sustentável para a cidade nos próximos anos. Resultados preliminares indicam 'estresse' hídrico na região central. Vista aérea de Ribeirão Preto Reprodução/EPTV Banhada 100% pelo Aquífero Guarani, Ribeirão Preto (SP) contratou, em 2024, um estudo que usará inteligência artificial para avaliar o real nível de comprometimento das reservas subterrâneas, bem como até que ponto o município pode explorar essa fonte hídrica de maneira sustentável. O levantamento está previsto para ser concluído apenas em 2026, mas as primeiras conclusões indicam um "estresse hídrico" na região central, com um rebaixamento de água, diante de um acúmulo de poços de captação, ao mesmo tempo em que outras regiões estão com níveis praticamente inalterados. Faça parte do canal do g1 Ribeirão e Franca no WhatsApp "O que a gente até agora conseguiu reconhecer foi um mapeamento do Aquífero em Ribeirão Preto, que vai nos levar a um planejamento futuro de uso da água, mais equilibrado, e com isso, como objetivo final, buscar a mitigação, a paralisação das quedas dos níveis e melhor estabilidade no fornecimento de água", afirma o geólogo Mateus Simonato, diretor da Tritium Consultoria. Os resultados foram apresentados pela Secretaria de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Saerp) à Agência de Águas do Estado de São Paulo (SP Águas), responsável pelas outorgas de perfurações de poços. O estudo é uma das medidas anunciadas pelas autoridades locais diante de problemas como as perdas na rede, bem como diante da constatação de rebaixamento dos níveis ao longo dos últimos anos. Com uma captação média de 4 mil litros por segundo, Ribeirão Preto registra 41% de perdas, em queda nos últimos anos, mas ainda acima da média nacional. Dos 129,4 bilhões de litros produzidos por ano, quase 54 bilhões são perdidos, seja por vazamentos reais na rede, seja por ligações clandestinas. Quando começou e como será feito o estudo? A pesquisa foi iniciada em março de 2024 ao custo de R$ 2,1 milhões para ser entregue pela empresa especializada em 24 meses, ou seja, em março de 2026. As análises são realizadas por meio de transdutores de pressão, equipamentos que, instalados na rede, são capazes de fazer a medição em tempo real da vazão. "O que a gente está aplicando é o mesmo que se aplica nos melhores cases de sucesso em grandes e importantes usuários de água subterrânea como Alemanha e Dinamarca, e lugares que têm problemas com super explotação de água subterrânea como Califórnia e Espanha", afirma o diretor da Tritium. Os dados serão submetidos a uma inteligência artificial e um software com modelagem numérica para apresentar diferentes projeções para o futuro da água na cidade e permitir, por exemplo, saber onde reduzir as vazões ou mesmo ampliar as captações. "Ele tem um resultado bastante dinâmico. A gente consegue ver, por exemplo, pelo modelo numérico, até quantos poços mais ou até qual a quantidade de água que a gente vai poder tirar de uma forma equilibrada do aquífero." LEIA TAMBÉM Acima da média nacional, cidades da região de Ribeirão Preto perdem até 69% da água no abastecimento Quais são os resultados preliminares? Os primeiros resultados indicam que, na região central de Ribeirão Preto, os níveis subterrâneos têm um rebaixamento de 1 a 2 metros por ano. Isso se deve ao fato de haver uma concentração de poços nessa região para atender a demanda de abastecimento populacional. "Se você coloca poços adensados, próximos aos outros, um poço começa a interferir na captação do outro. E isso leva a esse rebaixamento do aquífero. Temos rebaixamentos ali da ordem de poucos metros na borda a algumas dezenas de metros na parte mais central." Reservatório de água da Saerp em Ribeirão Preto, SP Ronaldo Gomes/EPTV Essas áreas hoje já contam com um regramento específico, mais rígido, para abertura de novas outorgas. "Existe um zoneamento que foi instruído pelo Comitê de Bacia Hidrográfica do Pardo e foi referendado pelo Conselho Estadual de Recursos Hídricos que determina zonas onde o SP Águas tem regramento especial para novas outorgas." Em contrapartida, outras regiões da cidade, como sul e norte, estão com seus níveis praticamente inalterados. Para o geólogo, esse cenário, apresentado em um modelo tridimensional, ao mesmo tempo que alerta para a situação do Centro, indica uma oportunidade de futuramente equilibrar o abastecimento local, sem abrir mão do Aquífero Guarani. "Até o momento o que a gente pôde produzir foi uma forma de reconhecer quais são os lugares onde nós temos oportunidades de ampliar novas captações para aliviar os locais do aquífero onde hoje já nós temos um uso mais intenso." Equipes da Saerp realizam reparos após escavadeira romper adutora na Rua Visconde de Inhaúma, em Ribeirão Preto, SP Lucas Faleiros/Rádio CBN Ribeirão O que o estudo ainda deve apontar? O estudo somente deve ser concluído em 2026. Até lá, os técnicos querem apontar a capacidade máxima de extração sustentável do Aquífero Guarani, se o regramento atual de outorgas é o modelo mais adequado e se será necessário buscar fontes alternativas, como o Rio Pardo. "É poder reconhecer o quanto ainda esse aquífero pode ofertar de água e qual é a forma de continuarmos essa captação sem que haja um comprometimento severo do aquífero. Que esses níveis possam ser melhor controlados. E isso demanda de primeiro nós reconhecermos toda essa capacidade que o aquífero tem. Para depois ir fazendo modificações, alterações de como essa água subterrânea é captada." Também podem ser estudadas soluções como recargas gerenciadas do aquífero para garantir a sustentabilidade. Isso consiste em usar o ciclo natural da água, se aproveitando das chuvas, a favor da reposição das reservas subterrâneas, segundo o geólogo, por meio de estruturas como piscinões que garantam a infiltração no solo. "Uma série de tecnologias de engenharia que poderiam dar uma segurada nessa água e uma infiltração, vamos dizer assim, quase que natural, ou mesmo criar sistemas onde essa água fica represada, é tratada e reinjetada no aquífero." Pesquisa da Unesp de Rio Claro mostra como falta de chuva afeta o Aquífero Guarani Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

FONTE: https://g1.globo.com/sp/ribeirao-preto-franca/noticia/2025/05/26/novo-estudo-usa-ia-e-medicoes-em-tempo-real-para-projetar-futuro-do-aquifero-guarani-em-ribeirao-preto-entenda.ghtml


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